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O Que Se Perdeu Com o Tempo?

O QUE SE PERDEU COM O TEMPO?
O mundo moderno é rápido demais. Se você fechar os olhos agora e se perguntar justamente isso: O QUE SE PERDEU COM O TEMPO?.

O que você responderia?

Aos 30 anos, olho para o retrovisor que me acompanha, justo para que eu não me esqueça do que passou e lhes digo com toda franqueza que minha lista seria enorme.
Posso citar talvez algumas bastante expressivas e vivas em minha mente, corriqueiramente.

Terminando o Programa Jornalístico na rádio que eu trabalhava no interior Pernambucano, meu companheiro de apresentação já me indagava:

- Vai fazer o que agora?

- Se tudo der certo, vou pra casa almoçar. Respondia automaticamente.

- Entra no carro, vamos lá no Bar do Peixe, no sítio, visitar uns amigos.

E assim nos direcionávamos ao bar. Amigos e ouvintes nossos já nos aguardavam por lá. É à mesa, servidos uma boa banda de tilápia frita, pirão, arroz, salada, feijão de corda, uma cerveja trincando de gelada, uma água com gás, um refrigerante e algumas latinhas de Pitu. 
E assim nos debruçávamos entre o banquete e os papos que se estendiam até a noite, se duvidasse.

E isso – que saudade – nunca mais. Pelo menos não pelo fato de não mais dispor com ele a mesma bancada da emissora de Rádio.

Em outros momentos, igualmente ao término de mais um programa, dessa vez musical, na mesma emissora, só que aos sábados. Era a vez de, no sol escaldante do meio-dia, típico do interior nordestino, me encaminhar para minha casa.

Hoje ocupada pelo meu pai e meu irmão – saudades dos tempos em que vivia cheia – chegava depois de alguns minutos de caminhada, suado, me dirigia direto para o banho, almoço pronto pela minha saudosa mãezinha... E de pronto, depois de me ter ouvido durante toda a manhã no ar pela rádio, ao me chegar ela já dizia:

- O almoço já está pronto.

- Tá. Eu respondia.

Mas que almoço o que. Ao término do banho, olhava as panelas, via o que ela tinha cozinhado e o que poderia me servir como tira-gosto. Subia a rua, virava à esquerda, me deparava com o bar da minha madrinha de formatura. Pegava umas cervejas e descia de volta para casa.

O velho meu pai quase não parava em casa – costume conservado até hoje, segundo minha irmã. Como dizemos lá no nordeste, “anda mais do que a má notícia”. (risos)
De volta pra casa, já esquentava o que tivesse na panela, e isso era de repolho refogado à sardinha feita na pressão. A coroa – costumava chamar ela assim – cozinhava como ninguém. E nós, os filhos, herdamos um pouco disso.

Colocava um DVD para rolar no aparelho que já estava conectado direto no som – um daqueles Sony, famoso quatro em um que pegava rádio, CD, fitas k7 e discos vinil.

Fosse um Leonardo ou um Zeca Pagodinho, minha mãe se deliciava ao me ver curtindo um som que tanto ela quanto eu gostávamos, tomando minha cerveja em casa mesmo, me deliciando com o que ela tinha preparado para o almoço.

E vez ou outra, se dava ao luxo de apreciar um copo da “colarinho branco” comigo e acreditem, ERA SEMPRE UM DOS MELHORES MOMENTOS, com direito a fotos e danças. Esquecíamos os problemas e nos dávamos ao prazer de viver o instante.

E isso – que saudade sem tamanho – NUNCA MAIS.

Nos deixou, sem ter tido a oportunidade d’eu poder lhe dizer: Cheguei onde queria. Te devo tudo isso e você é a responsável pelo homem que sou.

Notou o que gostaria que você percebesse?

O que tens hoje?
Quem tens hoje?
O que te faz bem hoje?
O que te faz sorrir hoje?
O que você não quer perder jamais?

O mundo moderno é rápido demais.

O QUE SE PERDEU COM O TEMPO?

(Texto: Adriano Santos)



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